segunda-feira, 11 de abril de 2011

about butterflies in stomachs


O que é o amor?

Espera, esquece, pergunta difícil; respondam-me apenas se é bom... Pois é o que dizem, mas não é o que sinto. E é o que sinto?

Duro sentir o amor como fardo. Não por definição minha, mas de todo o resto. Pois se amamos os seres e seus instintos, as cores e os reflexos, a maciez de um timbre e o arrepio dos pelos do braço - que maravilha! És um agraciado! Gozas de plena sensibilidade emocional e sensorial, louvado seja!

Só fique longe de mim, você e suas tendências à fragilidade!

Ora bolas! Não te precipite! Não te peço que ames de volta. É o que quero, tolice esconder. Mas sou humano, não credite apenas a mim tal necessidade. Só não aja como se eu o implorasse! Onde mais se acha um querer bem sem nada em troca como esse? Aprenda a desestabilizar meu senso de orientação: trate-me como enfermo, sinta pena de mim. Tenha consciência de que eu adoro a tua presença e o teu toque, mas olhe-me com indiferença. As ideias se confundem, volto à condição de novato. Me privo do direito de cultivar o sonhar profundo, castro meus impulsos. E só restam as ruínas do que nem veio a existir. E não falo das definições de rótulos, idealizadas. Mas em destrancar essa sensação pulsante que me entope a garganta e arranha as entranhas. Me deixando louco de vontade de tudo, e ao mesmo tempo limitando o meu ser ao que o outro permite, já que de nada vale um punhado de sentimentos e uma pessoa só. Isso já se vive o tempo todo, to meio cansado.

Mas, antes de tudo, não pense que estou apaixonado. Eu sou apaixonado! Vez ou outra, de fato, isso me leva à paixão. Do modelo clássico, dissecado por pensadores, matéria-prima das obras literárias. E não me toco, repito, caio de novo na própria armadilha. A de achar que todos tem a minha condição de jogo. De deixar tudo florescer sem medo, ainda que seja comedido nas palavras. E só eu fico sabendo de tudo. Sofrendo por altruísmo, na esperança de que a resposta venha naturalmente, como em mim.

Ademais, sou paciente.




3 comentários:

  1. " Me deixando louco de vontade de tudo, e ao mesmo tempo limitando o meu ser ao que o outro permite, já que de nada vale um punhado de sentimentos e uma pessoa só. Isso já se vive o tempo todo, to meio cansado. "




    Falou por mim dnv...

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  2. "A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

    A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
    o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

    O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
    o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre".

    Vinícius de Moraes

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  3. obrigado pelo texto.

    meu post não foi choroso! Penso igual ao vinícius, mas sabemos todos dos efeitos colaterais.

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