sexta-feira, 8 de abril de 2011

Começa a te abrir, Sésamo!


O blog demorou pra sair.

Não um blog, mas este em específico. Isso considerando que dessa vez é definitivo, mas ledo engano achar que com os outros também não foi assim.

E o que me faz pensar que não será mais do mesmo? O que me impede de escrever? Talvez o fato de ser visto, e por isso cismar em medir minhas palavras. Mas aí qual é a graça? E a diferença em relação ao costumeiro? Não faria sentido fazer mais do mesmo. A publicação não sairia, não haveria espontaneidade, irreverência, e esse é o ponto a pesquisar. Não quero escrever para os outros. E nem pra mim, na verdade. Quero escrever de mim. De mim por tudo sair de mim. Desconheço qualquer coisa em que eu não esteja inserido, não seja parte atuante, pensante, um organismo involuntariamente interativo, a principal peça de cada minúscula situação pela qual o mundo já passou. O meu mundo, o que me importa. Mesmo que não me importe, sempre importa.

Por isso dessa vez eu não vou me preocupar com o visual do site – nesse início – ou com a qualidade do que está sendo escrito. Quantas coisas belíssimas já escrevi e descartei? E as ruins? E quem sou eu pra dizer que eram ruins?! Passei a borracha, deixei de salvar. Quando ponho pra fora! Minhas ideias são, antes de tudo, rebeldes. Como aquele muleque espertíssimo de escola pública que insiste em se ver como o líder do bando – e é! –, mas nada faz além de desperdiçar seu tempo desmerecendo os coleguinhas. De que adiantam os grandes projetos? Ou mesmo os médios, os pequenos, os microscópicos, os projetos de projetos... sem movimento.

Falta movimento, vivo isso! Movimentos incertos, tolos, ousados, involuntários, apaixonados, enervados, sujos, errados! Falta arrependimento! Gosto particularmente dos arrependimentos. Investimentos que a curto prazo trazem dor, mas que encorpam as grandes lembranças. Como gosto de olhar pra trás e ver que eu errei, mas só depois de alguns meses, claro. No campo das semanas, o borbulhar é tão intenso que abafa a racionalidade. E eu não to acostumado com isso, em não ser racional. Aproximo-me muitas vezes de uma máquina capaz de sentir emoções. Mas essas mais se assemelham a um vírus persistente do que parte componente do meu sistema. Falo das ruins, claro.

Reviso meu texto e faço careta pra quantidade de perguntas do início da postagem. Penso em começar a apagar. Os senhores me permitem manter? Não queria me mostrar aqui como um cara perfeito. Na verdade, não queria me mostrar aqui como nada, apenas que surja. E mais na verdade ainda, nem sei ao certo o que sou, como posso definir o que quero que saia? Talvez por isso esteja escrevendo e pretendo escrever. Pra me entender. Todos parecem agir com tanta naturalidade – e nem precisam de blog para isso! -, mas eu tenho noção de que nada mais é do que um entendimento meu, e muito provavelmente falho. Não costumo ter pretensões de ditar verdades. Nem de mim, imagina dos outros. Mas o que mais sou além do que surge em meus pensamentos? Acho justo que dedique um tempo à redação para poder me buscar, ando um pouco perdido. Li uma vez em um prefácio de livro de história que sua importância estava em olhar o passado buscando nossa essência. Pois os atos traduzem a personalidade, e aquele grande registro de atos da humanidade servia pra buscar as respostas para perguntas que já haviam sido feitas, evitando erros e antecipando reações. E não repetir perguntas, o que faço!

Mas talvez isso tudo seja puro reflexo da minha mencionada racionalidade, fazendo pensar assim. Ou não. Talvez nem saiba do que estou falando, não tenha nenhuma intenção clara do que isso tudo venha a ser e queira apenas ser visto. Percebem? Eu sou um homem de muitas perguntas, acostumem-se. Me pergunto se conseguirei responder todas as que fizer por aqui. Talvez faça um blog paralelo, só de indagações! E ele sirva para as próximas gerações, para quando estiverem todas elas respondidas, a humanidade se torne por completo satisfeita, sendo eu aclamado como um guru de sua época (haha)! Mas vejam só quanta ingenuidade, as vezes sinto que busco isso mesmo, a onisciência. Não por prazer. Informação demais pesa o peito e a cabeça; Mas por natureza, como se fosse movido por uma força intuitiva, algo superior, talvez. Diria que, verdadeiramente, por mim mesmo. Não sei se entendem a minha distinção de informação e conhecimento, mas penso que consigam imaginar a diferença. E, se não conseguirem, vou fingir que tudo bem. É só mais uma daquelas coisas que chegam no estalo e duram para serem dissecadas. Quando são.  

Sinto graça disso tudo. De escrever sem compromisso. Imaginava uma postagem inicial de três, quatro parágrafos médios, na margem otimista. E já estou na segunda folha do Word! Nem sei se a estrutura do blog comporta tudo isso. A graça está em ler, lembrar e me ver. Lembrar porque, de certa forma, eu tenho também muitas respostas para algumas das minhas perguntas. E me passam pela cabeça todas as tentativas de tentativas (!) de blogs super determinados que ruíram frente ao primeiro sintoma de preguiça, obstáculo ou qualquer coisa melhorzinha (cabe discussão) que eu pudesse fazer nos momentos propostos. Custo a lembrar, mas grande parte do que já comecei, sequer comecei. Trazendo aos exemplos dos blogs, cadastrar e-mail e pensar em um nome não é, necessariamente, criar um blog!

Mas eu sou um tolo! Um tolo facilmente corruptível... por mim mesmo!!! E esse outro ser também é um sacana descarado, e revida com outras espertezas. Pobre de mim! Não sei se sou um só, dois ou três mil. Sequer se sou! Mudo tanto que não enxergo uma padronização, mas percebo pequenos padrões em tudo o que faço. Que coisa confusa!

Ta, esse é o último parágrafo. Acho legal que entendam como decidi. Primeiramente, estou super motivado por ter escrito tudo isso até agora. Além disso, me sinto muito inspirado. Escreveria pelo menos mais uma folha, sem rodeios. E isso seria mais do que o suficiente para eu me forçar a continuar escrevendo, mesmo começando a ficar um pouco cansado, pois dificilmente consigo me manter por tanto tempo de frente pro computador com tamanho entusiasmo. Trabalho a base de protocolos, me deixar levar é um sacrifício. Loucura, não? Não? Sei lá... Mas vou parar por aqui. Finalizarei com uma crítica, característica muito íntima do que sou. Esse blog é muito pouco atraente para leitores descompromissados. Uma maçaroca de informações em blocos gigantescos, parecendo uma daquelas empadas bem massudas, que grudam na parede da boca, ressecam a garganta e tornam o que seria uma guloseima prazerosa em um esfarelado difícil de engolir. Estimo ter poucos leitores. Mas sem antecipações, por favor, Vicente.

9 comentários:

  1. Convenhamos. Se teve culhão de ler tudo, comenta, vai!

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  2. Sério, gostei muito. Super apoio o blog. Engraçado que eu consigo ver você falando cada uma dessas palavras... cada pedacinho me lembra alguma coisa das conversas super úteis que eu já tive com você. Sabe o que mais me impressiona?! Somos muito parecidos em algumas formas de pensar, e mais do que isso, me intriga o quão bem você escreve! Acho que aqueles livros de leitura densa te fizeram muito bem =)
    Esperarei por mais desse blog...
    Aguardo ansiosa!

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  3. Poderia ter dito as mesmas palavras...
    Falou por mim legal!

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  4. Como diria meu namorado: "EXCELENTE VICENTINO, EXCELENTE !!!"

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  5. Caramba, meninas! Obrigado pelo acesso e pelos elogios!! Superou minhas expectativas. Vou procurar escrever pelo menos 3 vezes na semana. Quero todas aqui de novo!!

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  6. #ehomundoseacabando
    by roque

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  7. Estou orgulhoso....
    beijos

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  8. Os devaneios são como luzes que atravessam os limites.Você escreve muito bem.

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  9. Muito obrigado!

    apesar de enraizados, os devaneios ganham muito mais valor quando registrados.

    Quantas ideias não se tornam perecíveis por estarem muito soltas?

    volte mais vezes!

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