terça-feira, 3 de maio de 2011

Uma coisa de cada vez

Tire o olho de tão perto. Por acaso enxerga mal? Quando tua visão estiver débil, veja se não está muito fixada em um só lugar. Só uns passos para trás e já irá visualizar coisas que tu há pouco ignorava. Não é preciso estar vidrado para enxergar teu quadro. Solte os ombros, veja-o sem pretensão. Quando se passa mais tempo focando a visão em um só ponto de um todo mais rico, esnoba-se a essência, e tudo se transforma em só mais um meio, e não o próprio fim em si. Mesmo o foco escolhido, quando tirado do contexto, além de embaçar todo o resto, perde o seu original. Ele mesmo é uma engrenagem, não se trabalha em um sem mexer no sentido do outro. E o que procura tanto, afinal? Defeitos?! Quer um conforto? Tanto não é tão mal quanto pensas, quanto nem mal chega a ser. Longe disso. Iniba o teu pensar póstumo. Já tiveste muito tempo para refletir sobre a obra durante sua criação. Parta pra seguinte, se inaugure até esgotar as atrações. Quer o melhor? Nunca se esgota. De tédio não morre.

Sonhou com unanimidade? Esqueça. O que importa nas pessoas é o humor. Elas riem pelo que tu acha estúpido, se irritam no que tu mantém a calma. Expressam simpatia quando fala com seriedade. Explodem, te pegando de surpresa, por reprovações ao que tua mente está acostumada a pensar. Tem disposição para trabalhar de adivinho? E assumir uma vida onde calibra teus atos a cada nova relação? Ninguém tem a unanimidade que tu pensa. Pare de se fazer de bonzinho.

Dito isso, deixo aqui um manifesto. Não atropele as etapas, é só disso que precisa. A preocupação, já diz sua etimologia, é ignóbil, tola, infantil. Não presta. O nervoso da espera, de ansioso por resposta, não tem poder de mudança; apenas te enerva ainda mais, e sabes bem até onde isso pode ir! Ocupe tua cabeça apenas enquanto necessário. E, nesse tempo, se ocupe o quanto quiser. Indague, analise, rebata, negue. Sofra o máximo possível. E deixe que demore. Vista-se de juiz do seu domínio, saiba o que tu quer e o que tu pode! E das consequências dos atos possíveis. E dos atos, escolha o emancipado. E a partir daqui vem o meu conselho. Não se desespere. Tudo é jogo, uns negam, outros se vestem para isso. Mas todos jogam. As falhas são duas: tomar o altruísmo como fonte ininterrupta de inspiração e se desesperar quando o turno não é o seu. Faça o que tu queres e pare de se PREocupar! Não caia no erro de adiantar vinte respostas e seus vinte contra ataques, se só te chega uma. Espere a oficial. Deitado em uma rede, teu tempo é mais útil.

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Não venho com muito saco para a escrita esses dias. Mas não pelo que vou dizer.

Minha cabeça anda confusa. Mas uma confusão boa, de quem tem no que mexer e apenas está tonto com o número de opções. Isso me faz bem. De pouco em pouco incorporo ao meu pensar novas formas. Vou mudando a minha filosofia ao menor estalo de entendimento; e o bom é perceber que isso não acarreta deixar de lado o meu modelo. Pelo contrário. Sinto polir ele.

Não que nunca tenha acontecido, mas hoje (motivo a encontrar...) dou valor inédito à experiência e ao que leva a ela. Sempre me acompanhou a sensação de estar completo, pronto, fechado. Tem sido esse o motivo de parte da minha insegurança, sempre tão juvenil – palavras minhas. Ainda hoje me sinto conhecedor de todas as boas músicas, livros, situações, pessoas... ainda que... pff!... pareça uma idiotice atestada. E na verdade seria, se ao menos fosse uma sensação palpável, facilmente categorizada, dissecada. Mas está mais para uma plantação profunda, com um emaranhado de raízes entrelaçadas e robustas metros a fundo, e que na superfície só se enxerga um caule e olhe lá. Ela não é o fim do meu pensamento. É de onde ele parte, como núcleo do meu ser. Ou de onde partia.

Como gosto do arrepio de estar diante do novo!

O motivo da mudança ainda estou buscando. Nem importante deve ser. Mas hoje consigo e gosto de perceber que experiência não demanda tempo, mas sim comprometimento. E eu sou muito exigente.

Cuidado comigo.

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