terça-feira, 21 de junho de 2011

Desce cá dessa varanda

O meu mal é a empatia à sua fria simpatia, que me enfia pelo peito agonia e prazer!...

Quando a pele inanimada ignora o meu toque, mas o teu sorriso breve acalenta e faz crescer...
uma penca abandonada, em boa terra, adubada, mas pouco farta e sem semente, deixa fome aos que vêm em frente, e o pouco alimento dura até o amanhecer.

Mas persiste no existir, e prospera forte ali um punhado de palavras, friamente embaralhadas, trama turva que abala tudo meu que é afirmativo, com desprezo imperativo, que sacode e daí tomba o juízo, quase dando prejuízo, se não fosse o que eu quisesse!

Então venha cá! Desce! Me abraça agora! 
Toma o corpo e me aquece! Esquece a próxima hora! 
Eu não tardo a ir embora! Tenho já os dois pés cá fora,
mas não tenho aonde ir...

Deixarás morrer aqui?! Sem nem ter o que vestir? Nem um pano, nem a ti?

Então tomo a palidez que me cai pela cabeça e me conta a verdade...
não que a noite me entristeça... mas desisto que aconteça! Vou-me embora com a saudade...

E a lua acompanha os meus passos e minha manha, de sugar de um belo astro sua centelha de calor...
e fechando minha sorte, se esconde na montanha, me deixando na penumbra de uma noite incolor.

Mas quem nunca a si mentiu? Hoje sinto esse sabor... não aceitas como antes minha oferta tão gentil... sentes gosto de anil, no que era pra ser amor...

7 comentários:

  1. Dois torrões,por favor.

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  2. Com sorriso e abraço faço o mundo ser melhor.

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  3. Nossa, estava inspirado! Esse texto me fez lembrar do trovadorismo. Não pela forma ou estilo, mas pela temática. Gostei!

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  4. Sim! Eu também percebi!

    haha "também percebi"...

    é que não era a intenção! Quer ver quando surgiu? Quando pensei em uma rima pra "quisesse", e aí me veio o "desce", e depois toda a ideia de dar um toque medieval, com a donzela em sua varanda longe do chão e a paisagem bucólica.

    Tanto que o título e lua se escondendo na montanha já foi na intenção ;]

    adorei o comentário

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  5. Também, gostei muito do seu texto.
    Parabéns!
    Para você;]


    Quando você foi embora
    pensei que eu fosse morrer!
    Aprendi em boa hora:
    nem todo amor faz viver...
    (Kathleen Lessa)

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