quinta-feira, 21 de julho de 2011

Bem sei de tudo...

Ora, então é isso? Nada além do que sempre suspeitei, mas que pouco considero? Ou sequer dedico tempo à causa...?...... E por isso a indiferença?! Por tratar como uma crença, que me chama a atenção, mas não me afeta? Ou que pouco em mim desperta o que venha da vontade???

Não precisa prolongar o que dizes pelo ensaio... Eu sei bem o que fazer e não lhe devo atenção. Deixe meus partidos e mova-se com os seus. Não são meus os filhos teus...

Ora, venha cá, também não me leve tão à mal!... Não te passo para trás, apenas quero chegar muito à frente, e por isso às vezes te perco de vista.

E, quer saber? São mentiras quando digo que eu tenho algum domínio, ou ao menos faça ideia do que deva acontecer! Por esse lado, não deveria já tê-lo feito? E empregado nisso todo o meu suor?

Mas sei bem do que sou capaz. E, tão importante, também do que não. Pois vantagem de enxergar não poder é notar que são tão poucas coisas!... e se aninham em espécie, sendo todos muito parecidos e excêntricos perto do que temos em mãos com a qualidade de possível.

E esses sim, são tantos!! Verdade que alguns mais difíceis que outros, mas na primeira consulta ao seu eu indagador já tens alguns caminhos possíveis... Aí sim... levam anos ou segundos. Mas, deixando o tempo de lado, apenas levam...

E levam sim, pode ter certeza! Vira e olha pro que já foi feito! Temos algo além da curiosidade? Ou acha que navegantes de outrora carregavam apenas medo em caravelas? Sonhos e pesadelos, sim. E lá todos os pesadelos são ruins??

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Devaneio

Viu que nada do que queria se cumpria. Que, por menor ou maior sorte, tudo terminava longe do meio termo. Bem nessa hora, quando pensava ser radical para um dos lados, era corrigida então sua categoria: do julgado ser de valorosa imaginação para medíocre pelo que tu conhece (e por ser só isso). E depois de se ver boquiaberto com o que lhe acabara de ser possível existir, por mera questão de ter existido agora perante seus olhos, percebe que não foi nada além da sua primeira vez para aquilo, e admite não fazer ideia do que não acontece a si. Enquanto pensa nisso, em coisa tão vaga mas grandiosa, importante porém não demonstrada, é tomado pelo valor desse pensamento e se assusta, pois, se tem ele, em um momento qualquer, de um dia tão sorteado quanto esse, compreensão tão sublime do que foi, do que é, e do que pode ser o mundo, o que então é o mundo?

Entende agora porque ama as pessoas. É daí que tira o que é novo, sua maciça inspiração. E o que não lhe agrada ainda assim faz pensar no que o agrada. Pois o encaixe dessa peça, mesmo que não se queira ou lhe seja de tanta importância, é inevitável. E tudo o que assim é se mostra no mínimo curioso, de máximo incalculável.

No entanto, nota que os máximos lhe pertencem, e os mínimos aos outros. E quanto mais sabe, mais lhe dói. Ou se não dói, pesa. Ou se não pesa... não sabe. Não que seja ruim. Ainda assim prefere o cru ao fingido. Mas os sinais e os discursos agregam sentido a cada novo inesperado - e quantos não são eles!-, até que aos poucos tudo sai do implícito e se escancara logo em um palanque do comportamento, daí tirando todas as intenções possíveis, para o bem ou para o mal. E seu único desconforto autêntico é ter a vaga impressão de que o esforço natural, esse que acomete a todos menos à si, é o de teimar que as únicas coisas que importam são aquelas que ficam próximas à vista.

Se distrai com um estalar de madeira e não lembra de ter pensado qualquer coisa a mais aquele dia.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Cataclismo

Todo um lado do hemisfério em pura chama
que de longe no universo já se via.

Bem no dia em que matou o que se ama
a besta imensa, que no mar se escondia

Há um tempo que nenhum de nós proclama,
essa trama em silêncio se expandia

Tudo frio e insensível aos nossos mortos,
não se cansam de levar mais alguns corpos



E do lote em que o campo foi poupado -
não esperem redenção para uma parte -

Foram todos carregados pro outro lado,
já sabendo do destino do abate

Em um golpe tudo fora aniquilado
sem nenhuma resistência ou combate

Alastrando a toda gente o suplício
remetendo aos velhos tempos do início



Mas um fato que confunde a intenção
enlouquece os que sofrem a própria sorte

Uma dupla sobrevive à extinção
sem recurso, alimento ou transporte

E duvidam da sua própria conclusão
de que isto é melhor que a própria morte

Mas resguardam a restante sanidade
que lhes sobra a esta altura da idade



Dois antigos moradores desta terra
encorpados pelo ensaio prolongado

Esgotados com o susto que se encerra,
pelo embate, padeceram lado a lado

Com a dúvida que ao raciocínio emperra,
nesse monte de espaço desolado

O suspiro da linhagem da sua raça;
dois poupados pela impiedosa caça



E passava meia hora do estopim,
quando o céu se apresentou tempestuoso

Quando as águas se agitaram, e enfim
levantou um ser terrível e monstruoso

E nem muito precisou pra ter um fim,
o demônio tinha ataque virtuoso

Não há um só argumento que sustente
dois idosos dentre toda aquela gente...



E mantinham o caminhar esbaforido
como quem ainda tem do que correr

Mas no fundo sabem que já foi cumprido
o dever da besta, que o céu foi percorrer

Andam contra o campo há pouco destruído
de onde o sangue continua a escorrer

E deixando então de lado a sua pressa
um dos homens faz ao amigo uma promessa:

continua...