segunda-feira, 4 de julho de 2011

Cataclismo

Todo um lado do hemisfério em pura chama
que de longe no universo já se via.

Bem no dia em que matou o que se ama
a besta imensa, que no mar se escondia

Há um tempo que nenhum de nós proclama,
essa trama em silêncio se expandia

Tudo frio e insensível aos nossos mortos,
não se cansam de levar mais alguns corpos



E do lote em que o campo foi poupado -
não esperem redenção para uma parte -

Foram todos carregados pro outro lado,
já sabendo do destino do abate

Em um golpe tudo fora aniquilado
sem nenhuma resistência ou combate

Alastrando a toda gente o suplício
remetendo aos velhos tempos do início



Mas um fato que confunde a intenção
enlouquece os que sofrem a própria sorte

Uma dupla sobrevive à extinção
sem recurso, alimento ou transporte

E duvidam da sua própria conclusão
de que isto é melhor que a própria morte

Mas resguardam a restante sanidade
que lhes sobra a esta altura da idade



Dois antigos moradores desta terra
encorpados pelo ensaio prolongado

Esgotados com o susto que se encerra,
pelo embate, padeceram lado a lado

Com a dúvida que ao raciocínio emperra,
nesse monte de espaço desolado

O suspiro da linhagem da sua raça;
dois poupados pela impiedosa caça



E passava meia hora do estopim,
quando o céu se apresentou tempestuoso

Quando as águas se agitaram, e enfim
levantou um ser terrível e monstruoso

E nem muito precisou pra ter um fim,
o demônio tinha ataque virtuoso

Não há um só argumento que sustente
dois idosos dentre toda aquela gente...



E mantinham o caminhar esbaforido
como quem ainda tem do que correr

Mas no fundo sabem que já foi cumprido
o dever da besta, que o céu foi percorrer

Andam contra o campo há pouco destruído
de onde o sangue continua a escorrer

E deixando então de lado a sua pressa
um dos homens faz ao amigo uma promessa:

continua...

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