sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Quebra a cabeça

Dizia Nietzsche que sua desenvolta eloquência literária era fruto da maturidade frente ao que era dito. Não só por enxergar de patamar elevado, mas possuir pleno manuseio das causas tratadas, pois, tendo superado o agente do incerto - e, nesse caso, as verdades são ajudas insípidas -, torna-se o homem um senhor de si mesmo; seu olhar elevado enxergaria as fronteiras, e, se os encaixes parecem sempre distintos e bem acomodados, é pelo fato de já ali estarem, pelo teste ou imposição, e parecendo agora regra, mantendo com vigor cada um de seus espaços como se fossem reservados, como se fossem seus. E diante desse limite enevoado, surge o medo. Conta que, atraido pelo seguro, e desapegado da escolha, o homem abre mão do mundo à sua maneira, e, de míope, joga - e termina gostando de jogar - pela regra que já existe, com impressão de que nessa persistência deve haver algo de vigoroso, sublime e, logo, forte e digno de ser seguido. Mas que não passa de um árido delírio pelas convenções, pela aposta fácil - e ganho medíocre -, por coisas que foram ouvidas, e do ouvido foram direto à boca, e não à mente. Porque a própria mente é fundada em tantas normas emaranhadas - e, nisso, o numeroso mais atrapalha -, que dentro de si parece ter resposta para tudo, como em um quarto bagunçado, com muitos itens e de todos os tamanhos e cores, que, se num olhar distraído parece uma boa fonte de onde tudo jorra ou pode, no fundo é apenas caos.

E no caos nos conhecemos. Que se note...é a todo momento. A força das representações (tudo) arremessa sem dó esse bando de frágeis seres, tão ligados ao que dizem, surtados pelo que criam, mortos pelo que acreditam... e acreditam em tudo! - ó, sim... isso é pecado! São tronos de contradições, mas não se percebem. E... isso se deve dizer... nem mera característica é. Incoerência também é evidência, talvez a mais natural que se chegue por nossas vias. Diante disso, me divertem os clamores, mesmo os meus.

deixe-me, rigor!
postula o que tu acha
mas não cobre isso de mim.
não tenho em ti um fim
no que quero ao meu futuro,
suas amarras são um muro
que reprimem meu amor,
e me fazem ter louvor
pelo que está lá fora.
vai-te embora!!
e me deixei ir também...

2 comentários:

  1. Não lia os seus post fazia um tempo...
    gosto quando você escreve em poesia!
    beijos, saudades

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  2. eu também gosto da poesia, mas ela é macia demais, dependendo da minha intenção. Deixa lacunas, abre espaço pra interpretações... mas seduz pela cadência...

    Existem coisas que eu prefiro dissecar, ao invés de ninar.

    Mas em breve farei mais ;]

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