Antes que seguisse em frente...
bate à porta o velho amigo
- pelo toque já se via.
e entra o rosto, indefinido,
junto ao fresco ar poente -
que, ao contrário, nos sorria.
tem em mim o que lhe serve
de armazém do que é sofrido,
após tanto, finalmente:
e é por isso que se escreve.
em bom trono acolchoado,
à minha frente assentou,
trouxe a perto umas cobertas,
ao seu rosto as mãos levou...
tinha as pernas muito incertas,
assim quando o frio acomete
mas, por julgo, eu diria
que seu corpo sacudia
pois a si tudo promete
não que nisso haja o errado:
salve o homem enfatizado!
mas que grife a si primeiro
pra que deixe longe o risco
das lambanças de um arisco
caso grave e corriqueiro
esse cego, conivente
com o ser idealizado,
no que enche suas lacunas
com um som doce e melado
e aperta tanto à pele
que não sai nem com arado
e digo
ainda hoje, junto à cama
no teu corpo que esparrama
vem tal voz, em tom de calma
e sua atenção reclama,
lhe evitando todo o sono
seu suspiro inconsequente!
dê descanso à sua mente
amanhã o dia é branco
e assim não vejo como!
da postura que retomo
dou-lhe um tapa, e da troveja,
levantou em um só pulo
e saímos para uma cerveja.
Gostei muito desta poesia, Vicente!
ResponderExcluirErika Pires
obrigado, Érika! Que bom te ver por aqui.
ResponderExcluirO "coisas de papel" é um blog?