segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Crítica à dieta

Para análise,

Notei alguns padrões referentes à minha maneira de lidar com a alimentação. Adicione uma xícara de tédio e temos um texto.

Ao se decidir por uma dieta, assume-se o caráter de insatisfação, seja perante o corpo ou a saúde. O meu é puramente pelo primeiro, apesar de enxergar o outro.

Essa insatisfação não exige grandeza, não precisa chegar a ferir. Mas pede, sim, uma leve - mas incômoda e perceptível - fricção de pensamentos, que fagulham vez ou outra, e é preciso tratar. Pois à sua volta encontra-se o que há de mais inflamável: outros pensamentos.

Com meu corpo, não tenho crises imediatas. Contraditoriamente, isso tanto me alivia dos efeitos na auto estima quanto me priva das ações brutas e enérgicas - o que há de útil nas decisões. Então fico no vamos levando; mas é logo esse pensamento, acalentador mas debochado, esse fio que eu pego no ar e encaro, que me leva a criticar. A dieta é, por si só, uma crítica. E se isso já não passa despercebido, muito menos admitido, e, ainda assim, hoje, pleno domingo, depois de um farto final de semana, eu ainda penso em comer e, pior, em pensar em pensar em comer (sem ver melhora), há alguma coisa de errado.

Tudo foi bem no espontâneo, na excitação do movimento - no início. Um plano fresco e impregnado, que ainda excitava pelo cheiro, e elevava o menor passo. "Há uma meta!". Do impulso, aprendi a comer bem. Por três dias, se não estou enganado.

Depois desse período, encontrei os espaços entre as refeições. Ainda que não comesse nada de danoso, havia rasurado pela primeira vez o plano inicial. Dali, fiz valer o jeitinho brasileiro mais legítimo, o de dentro pra dentro mesmo, e que se comete contra si, como cúmplice e culpado. Desses desvios legitimados, além de suprimir o direito à regalias e exceções - o que era muito bem apontado quando queria um capricho - ainda acumulava desacatos à dieta. Daí, o zelo pela meta já estava posto em dúvida, e todo o processo de privações e escolhas se enfraquecia. 

Passado mais alguns dias, já não comia tão pouco nem tão pouca carne. O fato de aumentá-la definiu o que viria: já não se tratava de uma mudança, mas de uma experiência. E essas admitem erros. Tal noção me levou a aceitar do andar ao parar, e do parar ao voltar. Vindo os finais de semana, ainda me entregava à reverência típica dos feriados. Veja que por isso não temos muitos, pois o festejo interrompe o trabalho. Mas nesse caso as folgas são pontuais, e o embalo nunca acontece.

Hoje, considero o limite ultrapassado. Continuar chamando de dieta chega a ser um insulto às dezenas de coisas deliciosas que comi desde quinta a noite. Talvez por já ser um pouco final de semana. Que cara de pau.

Que isso fique guardado; não como arma contra a comida, não como grito de ajuda, não como sintoma de sufocamento. Que as informações sirvam para o mais puro estímulo... da escrita pela escrita.

5 comentários:

  1. To chocada Vivi, tem certeza que você está se formando em publicidade? Você tem um Q de Arnaldo Jabor, só que mais mal humorado. Tô adorando seu blog! Saudades, adoro você! Beijos, Desirée.

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  2. Desirée!

    Bem, não deixa de ser comunicação, não é mesmo?
    Pareço o Jabor mal humorado? hahahahaha

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  3. Me senti a pessoa mais cara de pau do mundo com seu texto... A carapuça veio no meu número, meu caro!

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  4. Você se supera a cada dia. Falando nisso, quero chocolate. Tem aí?

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  5. serviu a carapuça?

    um pouco pra todos, não?... acho que, com os entendimentos,'só muda o endereço' - como dizem dos filhos...

    você vê... a kaldea adora um chocolate. Já meu fraco é a carne: cozida, frita, grelhada, na chapa, moída, gelada da noite passada.........

    hum.....
    vou ali rapidinho.....

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