domingo, 16 de outubro de 2011

Coisas inacabadas

Dando vida a devaneios nunca foi um bom nome pra mim. Nem no começo, pois ali eu mirava um contexto para o início da leitura, e não um nome impactante e já polido; e pra isso ele bastou - não é segredo: já na primeira postagem eu havia dito que sequer me preocuparia com o que pareceria, e realmente é verdade. Aos poucos fui mudando o mínimo no site (e já está na hora novamente...), mas apenas por ser escancarado desleixo deixar de mudar o que se perde três minutos para fazer.
No mais, deixei como está e não me incomodo, pois ainda não vejo isso tudo como meu, mas sim como eu. E eu ainda estou menos pra títulos e mais pra conteúdos, o que e é até bom - pois se ainda assim lêem, com um aspecto pronto e improvisado desses, é porque gostam mesmo - e deverão gostar ainda mais do que posso fazer, pois no pouco que penso nisso, gosto do que vem...

-----------------------------------

Também não é hoje que prosseguirei com o conto: ainda estou em busca de um final. E se perguntam: por que então comecei?, respondo: pelo mesmo motivo do título! Aceite que, para entrar aqui e escrever, devo estar transbordando. Mas constate: para transbordar, o que está de fora deve entrar, mas não é ele que, necessariamente, irá também ser jorrado.
Ligo, sento, escrevo e só. Não falo de amor por estar apaixonado, não falo de lixeiros por ter vindo tarde da noite pela rua - pode ser o inverso, e geralmente acontece assim;
O conto foi sumariamente expelido, porém gosto do rumo que toma quando nele penso; mas, por enquanto, é por demais um desafio - e os espasmos estão em prioridade.

vejamos se mudo

Essa postagem incluiria também uma poesia boba, mas... inacabada! Coerente, não? Está guardada, é que estou de saída agora, depois nos falamos...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

3h

Não lembrava da ultima vez que levara consigo um coração tão acelerado. Esse alerta súbito ocorreu por falha em seu planejamento - deveria ter partido há mais tempo, e agora a rua estava deserta.
Ainda andava de bicicleta - fato que considerava potencializar o perigo. Indo (vagaroso) pelos cantos, talvez pudesse se passar por vulto; mas assim devia andar no campo da pista, no alvo da rua, jogado ao perigo. E mesmo escolhendo agora as calçadas, ainda era ligeiro e grande - e quem não nota uma máquina e um homem, cortando carros e árvores? Preferia logo andar rápido pelo asfalto (frio, mas indolor) para usar ao menos a única vantagem que via em seu transporte.

Em seu itinerário de emergência improvisado havia contado com a rua da igreja. Já passara ali outras vezes, mas nunca fora tamanho obstáculo. Não bastando (em rotina) aquela subida gelar suas pernas, ainda tinha, especialmente naquele dia, uma lesão que até então só o havia incomodado - mas agora gritava por socorro. E ficava especialmente aterrorizado só de pensar em perder velocidade: não só devia, como queria chegar em casa...

E era incrédulo esse rapaz, pois tão logo lhe veio um mau pressentimento, já se pôs a dispersá-lo. Queria apenas chegar lá, os motivos eram óbvios: já há quanto tempo estava acordado? e o pique do que já tinha andado? Ainda não foi dito, mas vinha de muito longe e já estava exausto, seus olhos colados, também sua camisa, e só pensava na chave, na cama, no pouco que tinha na geladeira; em coisas de sua bela fortaleza.

E agora ao menos virava em uma descida. E já não era tão perigoso - a parte próxima de sua casa era tranquila por ser vazia, e não deserta por ser espreita. Decidiu fazer como faz quando está claro e inclinou-se para trás, manteve o guidão em mãos (ela tinha as rodas tortas, não podia soltá-la de vez nunca!) e fechou os olhos. Era tarde e não havia carros, e assim deixou que três quebra-molas passassem, no escuro, e depois reabriu para fazer a curva - pois aí seria demais!

E ficou pra trás a última rua quando, virando já na sua, avistou um caminhão de lixo parado próximo de sua porta. Pensou ser óbvia coincidência, mas logo em seguida percebeu ser um flagrante: não estavam de passagem, mas tinham todos descido do carro e ido à porta; batiam palmas e gritavam seu nome!

Como em um pesadelo, ficou tomado por arrepio trazido de uma súbita verdade irracional. Irracional por ter lhe esbugalhado os olhos e tirado o bom senso. Mas tudo fazia sentido para que não entendesse em nada a situação, e que notasse fazer parte de um inexplicável tão complexo que tinha medo de sequer estar ali.

Este é um esboço de um conto. Não espere que as coisas sejam paridas. Mas também não sei onde isso vai dar, ou se é isso apenas, e só.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Mas, mas...

Hoje eu vou falar sobre coisas mais banais...
mas antes: talvez isso seja uma inversão de valores, e são essas as coisas legais, as que te interessa, pois - já de início - clica em mim, e não no vida a devaneios. 

E quem sabe não fale mesmo demais sobre o meu mundo ideal - que me aflige, sim!, por ser em minha cabeça tão plausível... mas que mesmo eu não o pratico sempre, por pura questão paradoxal: ver bem o lado do outro é dar-lhe também a escolha de se cegar de preconceitos, por gostar... precisar, ou ser assim.

e não deve ser tão importante...

... mas talvez seja mesmo o que faço sem querer: estar com um pouco de não-me-toque, mas no caso, um não te toque, como se pegasse numa ferida profunda para fazer curativo, mas ficasse com medo de machucar.

Que tolice. Quanto que, assim, quem ficou ferido não fui eu? E, por vezes, muitas vezes, injúrias feitas por mim mesmo. Será essa minha hipocrisia, das que vejo em tantos? E que ajuda a tolerar o parasita da omissão?

Pra que as mentiras? Há tantas! Pelo menos que tire algumas. Há o sonho, a fuga dele, as mentiras pontuais, as que se aprende desde criança... - e que, por isso, pedem até que não sejam chamadas assim!...             Eu chamo!

Eu chamo e sofro, pois o mais próximo do meu apontar de dedo sou eu.
Mas por que preciso eu, logo eu, estar enjaulado em praça pública, como exemplo para garantir a paz? Não é a guerra às vezes necessária para expurgar?

.....
bem...
... como vêem pelo início do texto, falei do que não queria, e não é agora que vou ficar me estendendo muito, até porque eu já gosto bastante dele e estou meio ansioso pra postar.

Tanto que eu vou é parar por aqui mermo e só deixarei uma boa música - minha preferida da banda. 


Abraço

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Agora deixa!...

Nem acredito que te vi hoje - e que não me viu de volta.
E pude estar ali contigo, mesmo assim: livre de mim - mas ainda tão perto... e tu linda como sempre - tem em ti algo que me enlouquece, e já começa nos passos, que flutuam, arrastam meus olhos ao teu encontro, e despertam um aperto gostoso, que parece empurrar pelas costas, como um amigo que vêm e diz: "te desembucha!"; e então vem à cabeça descer, correr até você, parar ao seu lado e, antes de qualquer reação - que apenas me reconheça - dar-lhe o beijo mais ardente que eu puder dar (e bem sabe onde isso pode chegar...), e depois soltá-la: mas apenas para que não dê tempo de que te revolte toda essa maluquice...
E ficar ali contigo por aquele pouco resto, parando o que tivesse apenas para te ouvir falar, e falar tudo o que eu sonhei que tu ouvisse. Falaríamos a noite toda, por toda a parte, sobre todas as partes, e só pararíamos esgotados, abraçados e com trégua declarada: talvez não tanto entre nós, mas entre mim e mim mesmo...
E se, por ti, não fosse assim: não me importo! Quero só o tempo ao seu lado, pois à mim nem um abraço deixou, e isso tem um gosto amargo. E agora, então, me deixaria assim: despedido e despido; talvez só o que tenha faltado...