terça-feira, 4 de outubro de 2011

Agora deixa!...

Nem acredito que te vi hoje - e que não me viu de volta.
E pude estar ali contigo, mesmo assim: livre de mim - mas ainda tão perto... e tu linda como sempre - tem em ti algo que me enlouquece, e já começa nos passos, que flutuam, arrastam meus olhos ao teu encontro, e despertam um aperto gostoso, que parece empurrar pelas costas, como um amigo que vêm e diz: "te desembucha!"; e então vem à cabeça descer, correr até você, parar ao seu lado e, antes de qualquer reação - que apenas me reconheça - dar-lhe o beijo mais ardente que eu puder dar (e bem sabe onde isso pode chegar...), e depois soltá-la: mas apenas para que não dê tempo de que te revolte toda essa maluquice...
E ficar ali contigo por aquele pouco resto, parando o que tivesse apenas para te ouvir falar, e falar tudo o que eu sonhei que tu ouvisse. Falaríamos a noite toda, por toda a parte, sobre todas as partes, e só pararíamos esgotados, abraçados e com trégua declarada: talvez não tanto entre nós, mas entre mim e mim mesmo...
E se, por ti, não fosse assim: não me importo! Quero só o tempo ao seu lado, pois à mim nem um abraço deixou, e isso tem um gosto amargo. E agora, então, me deixaria assim: despedido e despido; talvez só o que tenha faltado...

5 comentários:

  1. Não consegui evitar de imaginar um vagão de metrô como cenário inicial rs

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  2. Jura? Por que? Pensei num ônibus, mas fica à vontade!

    é que não acho que, de um vagão, nosso herói teria espaço pra esses romantismos todos... rsrs

    Pensaria, talvez: "ih, caralho, olha quem tá ali!", e voltaria a se expremer no seu mundo de lata...

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  3. Caramba. Relendo agora, achei esse muito bonito, simples e completo. Um dos melhores.

    Principalmente pelo pouco tempo que me tomou...

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  4. A gente sempre se encanta com os assuntos do coração. Seu texto está uma delícia!
    Acho que estamos gostando mais em teoria do que na prática. Sei lá, deve ser a virtualidade tomando conta de outros setores da vida.

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