sábado, 10 de março de 2012

Justificando-se

é papo de um louco 'com razão', que

"É nos assuntos 'sérios' que não só sumo, como agradeço por isso.
Meus olhos miram a involuntária tendência alheia ao ridículo, já que não é tema que define seriedade, porém respeito, o que nunca há.

E não falo desse respeito chulo, de tons de voz e sujeição engasgada.
O desacato que me incomoda é o pouco apego ao todo, o desprendimento conformado frente à visão elevada, aberta, hospitaleira. Sem ela, destacam e alastram o que querem, entortando o papo com o próprio papo, em um maquineísmo feio que divide o mundo entre o bem e o mau, sem dar brecha para que se misturem em sequer uma pontinha!

E me sinto encoberto e sufocado com minha fala, pois me transformam nela própria. À mim, isso sim é ser um vulto.

O ideal seria um mundo emancipado de ideais, para que surjam enfim as pessoas!
Meu silêncio é apenas valorização da minha própria, pois me cansa defender o hipotético - a fantasia de poder depender do outro.

Meu exemplo de que a injustiça é espreita, é que tudo o que disse conflita com outros conceitos que também me habitam; e impedem, por exemplo, de que eu ache natural engolir sapos ou não defender os meus próprios.

Para mim, a noção de contradição e o costume de sua vivência é a parte mais natural de um ser justo, pois afasta a pirraça que luta pelo todo encaixado a partir dos discursos, e abre espaço para que olhemos uns nos olhos dos outros pela primeira vez, enfim."

5 comentários:

  1. As pessoas são diferentes.Ninguém tem posse de toda a verdade.
    A solução dos problemas de uns depende da solução dos problemas de outros. Temos todos o mesmo valor, estamos construindo uma ação e uma sociedade sem privilégios.
    O que interessa é manifestar as raízes, realizar aquilo que está reprimido e que faz sentido.

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  2. o louco respondeu que o avanço notado no discernimento geral da sociedade ainda é, para ele, uma grande ironia, pois cresce na força dos argumentos, mas mingua na sombra das persistentes conveniências (até mesmo a de uma "paz" qualquer)...

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  3. A crítica cega tem os requintes da perversidade.

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  4. mas a perversidade, um mero produto da vontade de ter poder sobre o outro...

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    1. Muito bem dito, produto de mera 'vontade'.

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