terça-feira, 17 de abril de 2012

Interagindo

Referente ao comentário na minha última postagem:
"A última edição da revista Discutindo Literatura trouxe uma pequena matéria sobre o título. “Por que Nietzsche está na moda?” e chega à conclusão de que, por ele ser um dos filósofos mais fáceis de ler e dado que a sociedade moderna exige rapidez, ele é perfeito para qualquer rebelde sem causa. O que você acha?"
Anônimo, apenas com algum esforço minha imaginação concebe uma rebeldia 'sem causa'. Vindo de uma publicação literária, seria como, em paralelo, se dissesse que a própria arte de escrever apenas para si (para agradar-se) nasce da vagabundice, e não da crítica.

Sempre tem causa.
E tendo, daí a ser ou não estúpida... (como insinuado pela revista) - a que isso me diz respeito? ou à Nietzsche?

(Respire para as interrogações:)
E ora!... não é sabido que temos todos uma ampla propensão a conceitos e atitudes vulgares até que se apanhe o suficiente, antes de perdermos o gosto pelo ridículo?... Chego a deleitar-me com as tolices dos meu dias... pois, do contrário, como poderia valorizar o crescimento? Ou melhor: haveria crescimento? E essa rebeldia vazia não é a tal - como chamam...? - fase?! ou também: confusão? e a própria dúvida?... e há algum mal no barro, antes que receba a mão que dá o molde? Ou ainda: por que deveriamos distinguir o que em muito nos une?...

No mais, não é a causa de um livro se preocupar com as causas alheias... pois não é ele, por definição, a sua própria? - ainda que às vezes um retalho, não é sempre um novo produto? Que bom que os rebeldes 'descausados' estão à procura de uma, não?...

Mas (não vá se confundir!) é sim muito bom que se fale de ideais para falar de Nietzsche, (e atenção ao paradoxo que indica a fraqueza da afirmação da revista:) pois é deles que ele trata - trata de torturar!; de brincar, como uma criança e uma bola de aniversário: pega, explora, enfia a unha e explode! - e é a parte que mais lhe agrada.

Pois então, que chame de "sem causa", "causa ruim" ou qualquer coisa. O que for flácido, hipócrita, mal cheiroso ou idolátrico (nomearei de "causas fracas", para comparação) cairá de joelhos e será empunhalado com pompas, com todo o merecimento que ele encorpa ao seu ritual.

Não vejo mal nos pobres coitados.
Mas rebeldes sem causa - voltemos ao termo - não sobreviveriam.
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Anônimo, não esconderei que, certamente, ainda não respondi bem à sua pergunta. Sei que não quer saber das cascas, e sim das polpas. Isso virá. É que acabo me perdendo nos floreios perfumados e postergo as respostas completas; não é meu dom ser objetivo. Mas também não estou com pressa. Tenho muito a falar sobre o assunto, mas não agora. Vim só movimentar o ambiente e mostrar o quanto valorizo as nossas interações (falo de todos os que comentam, seu orgulhoso!).
E, por enquanto, caio de sono e me retiro, não me entenda mal. Abraços.

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