quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O banho

"O Banho", Alfred Stevens (1867)

Na já minguante exposição impressionista,
em um panfleto que exaltava a fina arte,
sorri com linhas de exagero interpretado,
que viam guias de expressão em toda parte!

O mensageiro, tradutor por natureza,
arrebatado por seu jeito iluminado,
dizia ter se lambuzado na beleza
de um toque de intenção
- emancipado pela mão -
que irradiava pelo quadro.

Segundo ele, por aquelas pinceladas,
que, pelo estilo, já são meio desfocadas,
girava o curso de um relógio conotado,
que do eixo conduzia
tudo mais que ali havia
de valor acentuado.

Num bom exemplo, às 12 e 15 havia a bela
- em pose amável, tão formosa que era ela!

Com mais minutos, baila o livro esvoaçante...

- Teve ele a graciosa como par introvertido...?

 Pois nesse tempo em que o segundo é diluído,
flor sedosa escapula
no instante em que o ponteiro
cede ao quadro algum ruído.

E assim determinou esse delírio literário,
reputando o itinerário que a arte estipula.

Com o fim da vida junto foge o argumento,
e eu lamento, ó bom pintor!,
por quem te troça e manipula.

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