Eu sou como o leite ebulindo,
namoro a panela, estou a dançar...!
Encapa-me a folha de nata,
nos juncos da lata eu evolo no ar!
E vou a cantar... no que,
então, em bafo e lamentos
de um silvo bem rouco,
anunciam a sanção:
ardido ao gosto do teu paladar!
Já no teu paladar eu
desdobro em menores,
no forro da língua eu
exalo calores,
tomados teus túneis, os
encho de amores,
te dobro nas pontas e...
volto ao cochilo.
Que conforto
há no retiro
há no retiro
desta pálida - tua voz!...
salpicada de café,
de chamego à melodia
que te brinco num ' bom dia'
(e tu levas como a fé).
Mas amor, eu repito,
quase nada é poesia!
Dê ouvidos ao apito.