sábado, 17 de maio de 2014

Coruja é raro

O bom de ser coruja,
disse uma,
é ser águia ao inverso -
focando de longe,
mas todo o universo.

E assim verter tardes inteiras...
camuflada nos quintais,
tendo análises certeiras!

Como pode haver um bicho preferido?
Pelo amor não corrompido...?
Ouvi tudo fascinado.

O que valho sem vivências estrangeiras!
Viu projéteis darem a curva
e inimigos lado a lado.

Veio até com certo porte!
- e mãos finas, para que não sinta;
seus ouvidos, só furos
(e com nada se importe).

Por fim asas que só capa
e também nunca se iluda,
decolando em disparada
...por pedidos de ajuda...

Ela, ao contrário, não se mexe
não se aplica a qualquer teste.
Sua ousadia inconteste
é de ovo, paciente:

Eis a ave que não sente!
De virtudes reprovadas,

da moral inconsistente
morta a duras marteladas!

Diz que antes ruminando,
em fotossintese moral,
que do estalo ir se enganando
por um cúmulo banal;
E VAI-SE EMBORA...

E agora, que remorso da raridade...
alguém mais do corujal?